terça-feira, 1 de novembro de 2011

ENSINO DE HISTÓRIA: LIMITES E PARTICULARIDADES DAS INSTITUIÇÕES TRADICIONAIS PÚBLICAS


RESUMO: O artigo aborda o problema que os professores encontram dentro do espaço escolar de maneira particular, relacionando com o filme “Adorável Professor”. Enfatizando os limites e as particularidades desse ensino em relação às instituições tradicionais públicas e privadas.


Desenvolvimento: Em meio ao justificado otimista com o ritmo de crescimento da economia brasileira, ecoa em numerosos setores de atividade o alerta de que estão faltando recursos humanos qualificados nesse mercado tão exigente. Observa-se que a falta abrange profissionais como professores universitários. O grande desafio para graduarmos mais profissionais é melhorar a qualidade do Ensino Fundamental obrigatório de nove anos. Esse é o grande alicerce, sem o qual não formaremos professores qualificados que necessitamos. Hoje com as recentes mudanças estabelecidas pelo governo, a criança ingressa no primeiro grau aos seis anos. No total permanecem 12 anos no Ensino Fundamental e no Médio. Entretanto, o Brasil tem negligenciado a educação, que foi perdendo qualidade ao longo do tempo. A partir da década de 90, a questão de ofertas de vagas, é suficiente para atender a demanda de novas matrículas. Entretanto, ainda há muitos alunos fora da escola, principalmente na Educação Infantil e no Ensino Médio.
Segundo Paim, a formação do professor de História se processa ao longo de toda sua vida pessoal e profissional, um processo contínuo. Entretanto, e sobre tudo na formação inicial nos cursos superiores de graduação, que os saberes históricos e pedagógicos são mobilizados e problematizados. Trata-se de um importante momento de construção de identidade.

Na perspectiva do fazer-se professor, entendemos formação como processo contínuo, que ocorre ao longo de toda uma vida e não apenas num dado momento ou lugar (PAIM, 2007 p.162).

Percebemos que isso ocorre com o professor Holland, o protagonista do filme “Adorável Professor”, ele não fez o magistério, mas sim uma formação apenas para compor seu currículo, pois não estava em seus planos dar aula. Mas, quando que por necessidade, ele foi “parar” numa sala de aula, e com o passar dos tempos, ele observou que seus alunos não estavam obtendo rendimento, o professor percebeu a necessidade de mudar seus métodos avaliativos. Com essa reflexão, se dedicou a transformar a prática pedagógica em uma atividade prazerosa, se tornando professor ao longo do tempo. A partir dessa postura realmente educativa o desempenho de seus alunos melhoraram.
Paim critica os PCNs e NDB, pois controla os professores. O professor tem muita responsabilidade e pouca ou nenhuma autonomia. Isso se percebe no filme “Adorável Professor”, quando o protagonista do filme, o professor de música, depara com os desafios de ensinar em uma escola tradicional. Percebendo o pouco rendimento de seus alunos, ele muda sua maneira de avaliar, perguntando os alunos que tipo de música mais gostavam, todos respondem que é o Rock. Ele passa então, usar o Rock para ensinar, pois para ele o que importa é o bom aprendizado dos alunos. Apesar da melhora do desempenho, ele é questionado pelos dirigentes da instituição.
Segundo Fonseca, o professor deve pensar sua matéria como um saber disciplinar que vai orientar na “formação da consciência histórica do homem”, que é um sujeito que vive em uma sociedade desigual. O professor assim como seus alunos, também deve ter em mente que a relação entre ensino e aprendizagem os faz lutar para subverterem as barreiras impostas devido às diversas culturas e sociedade, etc. “ ‘Deve’ ter a capacidade de interdisciplinarizar, de integrar, de incluir: negros, índios, pobres, homossexuais, portadores de deficiências físicas, mentais e outros” (SILVA e FONSECA, 2007 p.45).
A partir do reconhecimento e valorização da multiculturalidade pelo professor, esta passa a apresentar como um espaço de inclusão e resgate de identidade e culturas múltiplas tão esquecidas pela imposição da cultura, da elite dominante. Ou seja, o “multiculturalismo” busca tolerância e o respeito pelas diversidades e pela diferença entre as inúmeras culturas e modos de vida existentes.
Ficou claro no filme que depois da avaliação sobre sua maneira de ensinar, o professor Hollad, do filme “Adorável Professor”, percebendo que não estava tendo rendimento satisfatório com a turma, ele torna mais sensível as dificuldades dos alunos, nesse momento ele se encontra como professor, passando a ver que todos são capazes de desenvolver suas habilidades, respeitando as diferenças. Ao interagir com o colega, o professor de Educação Física, ocorre à interdisciplinaridade, ele cresce não só como professor, mas também como ser humano, sendo capaz de considerar o potencial das pessoas, respeitando suas escolhas. Isso fica claro quando ele ensina o aluno a tocar tambor, para que não perdesse a vaga no time de futebol americano.
É preciso que os professores saibam valorizar as diferentes culturas existentes na sociedade, propondo o diálogo e o exercício da cidadania. O filme analisado propõe essa valorização que é necessário que o professor persista enfrente todas as dificuldades, seja de falta de atenção dos alunos, ou mesmo dificuldades para enfrentar a rigidez dos currículos das escolas tradicionais. Mesmo sendo desvalorizados é preciso ajudar na formação de cidadãos críticos, que saibam reivindicar seus direitos, não ficando a mercê das classes dominantes.
A escola trabalha pela transformação da sociedade, ao mesmo tempo trabalha como processo de transmissão de cultura, objetivando formar indivíduos capacitados para a construção de uma melhor sociedade. E nós percebemos isso no filme quando o professor depara com a dificuldade de uma de suas alunas, ele não mede esforços para o seu melhor desempenho, contribuindo não só com a formação discente, mas também como indivíduo, fazendo com que a aluna não desista, mas encare seus obstáculos, mudando sua vida, preparando-a para uma maior interação e aceitação na sociedade, tanto que foi muito bem sucedida, tornou a governadora. Contudo, nunca esqueceu a importância do seu professor, deixando isso claro no discurso emocionante que fez quando seu professor foi demitido, por motivos de cortes, devido às dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição.
Adriana Maria de Souza Zeerir aponta a pesquisa como um caminho a renovação do trabalho do professor-historiador. Levar a prática da pesquisa historiográfica para a sala, estimular professor a desenvolver pesquisas através de material criado por ele próprio, como apostilas, textos e livros didáticos. Num segundo momento do filme, o professor Holland, também estimula seus alunos a fazer pesquisas nas horas vagas. Isso só ocorreu porque ele é um professor educador, que se preocupa com o aprendizado de seus alunos.
O professor “deve” ser um pesquisador, pois através do conhecimento adquirido, ele tem autonomia para questionar, para acrescentar ou retirar conteúdos dos currículos das instituições tradicionais, para a melhor formação do aluno, como fez o professor Holland, quando substituiu a música tradicional pelo Rock, objetivando melhora no desempenho de seus alunos.
A partir dos conteúdos trabalhados e do filme “Adorável Professor” nos deixa claro que a escola que dispõe de livros diversificados e flexível as diferentes necessidades das formas de organização da prática pedagógica, professores de boa formação, juntos tornam aliados contra a rigidez dos currículos das escolas tradicionais, oferecendo aos discentes novas oportunidades de interação e aceitação na sociedade.
Portanto, faz-se necessário uma maior atuação dos professores de História junto às instituições de ensino, para que levem novas maneiras de se trabalhar a História e promover a conscientização dos educandos para torná-los críticos, em condições para lutar pela superação das desigualdades e pela transformação da sociedade.

ROSANE FERREIRA BORGES RODRIGUES
Universidade Federal de Goiás
Curso de História (Licenciatura)
 


 BIBLIOGRAFIA





LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. Coleção Magistério, 2º grau.

PAÍM, Elias Antônio. Do formar ao fazer-se professor. In: Monteiro, Ana Maria. Gasparello, Arlette Medeiros. Magalhães, Marcelo de Souza (orgs). Ensino de História: Sujeitos, Saberes e Práticas. Rio de Janeiro, 2007.

SILVA, Marcos Fonseca Guimarães. Tudo é História: o que ensinar História no século XXI – em busca do tempo entendido. Campinas, SP: Papirus, 2007.

STEPHEM, Herek. Filme: Adorável Professor. EUA, ANO: 1995.
 

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